A CARTA DE FABRIZIO

[Gentil Senhora Forti, 

nos últimos dias tive a oportunidade de ler na sua agenda cartas de passageiros extremamente críticos sobre o serviço de transporte ferroviário administrado por Trenitalia SA. As críticas desses passageiros descontentes são genericamente dirigidas à Trenitalia, amiúde referem-se ao pessoal em serviço nos comboios, mas não no – e disso não se vê a razão – aos governos, partidos políticos e sindicatos: os que quiseram com força o desmembramento da empresa Autónoma cós Comboios do Estado, deixando um serviço público essencial - como o transporte ferroviário – a liberalização selvagem; nem os numerosos dirigentes da Sociedade e do Grupo FS os quais seraficamente governam essa situação.] Eu sou um guarda do trem do Depósito Pessoal Viajante da estação de Génova Príncipe, delegado da Rsu Filt - Cgil, y quase dia-a-dia em serviço nos comboios do percurso Génova/Milão, o mais frequentemente alvo das queixas dos passageiros. Os problemas sublinhados são reais e os passageiros têm razões em abundância. O pessoal viajante não está indiferente a estes problemas, e combate a sua luta quotidiana contra uma miríade de “criticidades” - como são eufemícamente definidas as ineficiências da Sociedade - quase sempre assumindo-se responsabilidades, também penais, numa esplêndida solidão. Se os comboios ainda viajam, incluso entre muitas dificuldades e em condições amiúde alucinantes, deve-se em boa parte aos trabalhadores e às trabalhadoras do pessoal viajante que partilha os mal-estares dos passageiros, arriscando directamente por continuar a garantir um mínimo de serviço público e social, enquanto os outros, os quais nem se dignam de se mostrar e responder publicamente, andam a trabalhar activamente – pela privatização - por eliminar o direito à mobilidade de milhões de cidadãs.

Nestes últimos meses o pessoal viajante de Génova Príncipe fez duas greves por apoiar uma a solução dum problema fundamental: a segurança do transporte ferroviário. Pediu-se a atribuição a cada agente dum telemóvel de serviço eficiente, e que as galerias da Liguria sejam equipadas com cabos particulares que permitam sempre as comunicações comboio/terra que hoje são permitidas – com alguma excepção - só fora das galerias. Durante as negociações os nossos dirigentes responderam que no sabiam que os telemóveis serem garantia de segurança.... Creio que solo trabalhadoras e trabalhadores extremamente conscientes, responsáveis e para nada indiferentes puderem por em primeiro lugar, nas suas reivindicações, a tutela da segurança das pessoas transportadas.

Proponho que o seu periódico se faça promovedor dum encontro público entre uma delegação dos passageiros, os representantes das trabalhadoras e dos trabalhadores (os delegados Rsu) viajantes de Génova e dos dirigentes locais de Trenitalia SA. Isto para despejar o campo de equivocações, de polémicas estéreis e inaugurar una nova temporada de relações por defender e melhorar, no mesmo tempo, o transporte ferroviário público e social. 

Muitos cumprimentos. 

Génova, 18 de Agosto de 2003 

A parte dentro de parênteses não foi publicada.